As nuvens estão a tapar o céu há tanto tempo. Já nem sei de que cor é quando está descoberto nem sei quanto tempo irá assim ficar. A chuva continua a cair e a cair. É a minha melodia, o meu som constante, a minha companheira alternativa. Ando a vaguear ao som do bater da chuva na janela sem um objectivo, sem razão nenhuma para tal. Sei que o me falta para seguir em frente com um sorriso na cara. Toda a gente precisa de inspiração. A minha, és tu.
Wow, vocês tenham calma consigo. Já percebi como é que as coisas funcionam - vocês vêm ao meu blog, lêem-no de cima abaixo, se for preciso até duas ou três vezes para ver se compreenderam bem o que está escrito e começam a tentar descobrir para quem são os textos e a pensar que talvez se dirigem vocês. Já compreendi, não conseguem parar, mas às vezes torna-se num exagero. Se eu falo de um rapaz ao longo das minhas postagens, é dirigido ao meu primeiro namorado. Não é ao Jacinto, nem ao Guaribaldo das Couves nem ao Xavier das calças rotas. O resto dos textos não são propriamente dirigidos a ninguém em especial. São textos que foram feitos para quem lhe servir a carapuça. Não se preocupem em desvendar quem é a pessoa que está por trás de cada texto. Quando for sobre alguém, vão saber. E agora com licença que eu tenho de ir estudar para anatomia.
PS: o texto serve para quem faz o que está descrito acima...
Uma vez li um livro da Joddi Picoult chamado “Compaixão”. São duas histórias, duas relações, dois amores diferentes que lá estão retratados .
A primeira relação basei-se no respeito, na amizade, no orgulho, na integridade, no afecto, num sonho que qualquer pessoa pretende realizar. A realidade é que por mais perfeita que fosse esta relação, um contribuía mais do que o outro, dava mais de si. Há sempre um que ama mais do que o outro.
A segunda relação é uma relação cómoda, baseada na segurança e estabilidade e rotina, com planos sempre traçados, nunca havendo grandes discussões, nunca havendo nada de mal a apontar. No meio surgiu uma rapariga de cabelos negros e encaracolados, com um ar selvagem, trabalhadora, aventureira, totalmente livre de preocupações e pressões, culta, sonhadora, que acordava sem saber o que ia fazer durante o dia ou que pessoas ia conhecer, protótipo daquilo que o chefe da polícia sempre tinha sonhado ser. Amava uma porque lhe dava estabilidade, era amável, organizada, bonita, frágil, preenchia os requisitos do que uma mulher, dona de casa e mãe de filhos deve ter. Por outro lado amava a segunda porque era símbolo da liberdade que sempre tinha querido ter, das viagens que queria fazer, das montanhas que queria explorar, de uma lufada de ar fresco que sonhava experimentar. Uma pessoa que ama outras duas depara-se sempre com o dia em que tem de escolher uma. É feito mentalmente uma lista de virtudes, defeitos, consequências, o que dá mais jeito e o que é descartável. Neste caso, se deixasse a mulher para ficar com a amante, a amante iria passar para o papel de esposa e deixaria de ter aquelas qualidades que tanto gostava nela. Foi esperto o suficiente para se redimir e pedir o perdão que não merecia.
P.S: Meu amor, foste o primeiro e tiveste tudo o que podia dar de mim e consigo perceber que tenhas amado as duas por inteiro e de formas diferentes. Não percebo é porque é que tiveste de escolher segunda.
Nada é melhor calmante do que ouvir a nossa música preferida depois de um dia cansativo e chuvoso. Ouço agora com atenção, sinto a energia, desligo-me do que está lá fora. A melhor companhia que posso ter agora sou eu mesma e a minha canção.
Ontem foi o meu primeiro dia de aulas desde o acidente. Aconteceu finalmente uma das coisas que me metem mais medo – ficar dependente dos outros. Podia ter partido um dedo, um braço mas nunca uma perna. Tirarem-me o privilégio de andar como as pessoas normais é provavelmente das coisas mais difíceis que vou ter ultrapassar. Odeio sentir-me minúscula sobre os olhares de toda a gente. Sentia-me bastante integrada e tinha feito bastantes progressos neste escasso mês que estive em Leiria. Tudo o que consegui até agora vai tudo pelo cano abaixo. Apesar da boa vontade das pessoas, não as estou a conseguir acompanhar, não consigo ir buscar um simples café, nem pegar no meu próprio tabuleiro, nem descer meia dúzia de escadas. Simplesmente não consigo. Vou acabar por ser posta de parte um dia destes. É triste mas é a realidade. Não estou preparada para começar tudo de novo.
Não consigo entender porque é que não sinto nada. Já não sinto nada de nada há muito tempo, o que não é normal. Porque é que agora em vez de me magoarem a mim, sou eu a causadora de desgostos e desilusões? Nenhuma das situações é saudável para mim. Sinto que sou uma segunda espada Excalibur que está presa numa rocha até alguém me vir retirar.