26 dezembro, 2014

Pequenez

Detesto a forma como esta ilha me faz sentir. Estou aqui trancada há 9 dias e já estou a modos de me ir embora. Podem dizer que é um sítio lindo, cheio de verdura, mar, paisagem natural e essas tretas do demónio, mas a triste verdade é que isto é um isolamento tal que me deixa deprimida. Olho para a janela e está nevoeiro, chuva, frio. Não é por acaso que anda muita gente deprimida neste arquipélago. Não passa uma alma viva na rua e, mesmo que passasse, seriam as mesmas caras de sempre. Detesto o facto de toda a gente saber quem sou e de ser obrigada a fazer conversa de café. "Ah, então e os estudos?" "Ah, estás a estudar onde?" "Ah, és filha de quem?" "O teu pai está bonzinho?" Não têm nada melhor para falar?! Sim, pode ser uma ilha bonita, mas as pessoas tornam-na feia. É repugnante ver a falta de amizade que há entre as pessoas e a constante necessidade que elas têm de desdenhar de tudo e de todos. Até os tais melhores amigos que supostamente existem neste meio dão uma facada nas costas uns dos outros à primeira oportunidade que têm. Que tristeza, meus picarotos... Nunca há nada de bom para dizer. E a falta de inteligência, ai a falta de inteligência!... É tanta que dói. Com tanta facilidade ao acesso a informação, as pessoas preferem ser ignorantes. Já o outro dizia que conhecimento é poder, mas enfim. Continuem assim. E o que é esta merda de se andarem batendo e difamando quando as coisas podiam ser resolvidas com bom senso? Pois, não há bom senso neste sítio. Eu recuso-me a viver aqui. Recuso-me a estar num sítio onde não me sinto bem. Querem esfolar-se? Querem andar com más línguas? Querem ser burros quem nem as botas da tropa? Força! A minha pessoa vai pôr-se a andar daqui para fora a vai construir uma  vida bem longe daqui. Afinal de contas, há muito sítio melhor para se viver por esse mundo fora.