25 agosto, 2014

A realidade de um coração partido

"E assim começou a surgir um padrão: acordar, trabalhar, chorar e dormir. Ou melhor, tentar dormir. Nem em sonhos lhe conseguia escapar. Os olhos cinzentos, ardentes, o seu olhar perdido, o cabelo escovado e brilhante, tudo aquilo me assombrava. E a música... toda aquela música... já não suportava ouvir música. Evitava-a a todo o custo. Até a música dos anúncios me fazia estremecer. 
Não falara com ninguém, nem mesmo com a minha mãe ou com Ray. Naquele momento não me sentia com capacidade para conversa fiada. Não, não queria nada disso. Transformara-se no meu próprio estado insular. Uma terra devastada, assolada pela guerra, onde nada crescia e os horizontes eram sombrios. Sim, essa era eu. Conseguia interagir impessoalmente no trabalho, mas nada mais. Se falasse com a minha mãe sabia que iria ficar ainda mais deprimida, e já não tinha por onde ficar mais deprimida."

- As Cinquenta Sombras Mais Negras
E L James