Eu não queria ter feito 18 anos. 17 sempre foi o número perfeito, a idade magnifica pela qual andava à espera. Se me dessem oportunidade de viver sempre os meus 17, nem pestanejaria um segundo. Viveria para sempre nova sem o drama da responsabilidade e do mundo dos adultos.
O que não compreendes é que quando os teus dias forem maus e ainda piores, um atrás do outro, quando forem penosos e difíceis de se viver, eu levar-te-ei para um sítio muito melhor e dar-te-ei uma perspectiva mais sorridente, curar-te-ei algumas feridas, tantas quantas puder, até que te sintas melhor. Se me deixares.
Lembro-me na perfeição do primeiro dia em que realmente tivémos contacto físico. Lembro-me especialmente de te ver ao longe com umas calças de fato de treino pretas e uma t-shirt branca justa a te dirigires até a mim num passo natural. Sei que estava de coração apertado e a acelerar a cada passo que ficavas mais perto, na ânsia de chegar até a ti antes que te esfumasses como uma miragem no deserto. Apercebi-me nesse dia que estava bem marcada e que por muito mais que tentasse, iria sempre amar-te mais e preservar-te mais, como alguém que guarda uma memória, do que qualquer outro novo amor que viesse pela frente. Pode ser bastante horrível. Amor em excesso consegue-nos matar mais furtivamente do que uma bomba nuclear. E eu, na minha inocência e sonho de criança, amo-te mais do que o céu consegue alcançar e mais do que o brilho das estrelas.
Foi a última gota de água. Podía-vos descrever a minha viagem até ao mais ínfimo pormenor. Nunca vou tirar da minha mente o quão horrível e arrependida me sinto de todos os dias que trabalhei e de todos os dias que poupei para o que devia ser a “melhor viagem de todas”. Dizem que há sempre um lado bom na situação mais negra que possam imaginar, mas netas situção em particular não me recordo de nenhum. Onde estão as pessoas lindas que passeiam na rua frequentemente? Onde está a boa comida, os bons divertimentos e as maiores loucuras de adolescentes? Onde anda a beleza deste lugar? Não corremos riscos nenhuns com medo de irmos rápido demais ao ponto de tropeçarmos e caírmos, só que desta vez corri mais do que devia, caí, magoei-me e deparei-me com a dura realidade. Mas vou voltar a erguer-me e fazer o que sempre faço – passar por cima. Sinto falta de Lisboa. E continua à minha espera.
Green day
Boulevard of broken dreams
(porque ouvi green day a viagem toda no telemóvel do Marco)
Não creio que faças ideia da dimensão daquilo que eu sinto quando pego no telemóvel pra ouvir-te dizer como foi o teu dia ou sequer quando imagino que ficas comigo o tempo todo, ou mesmo das raras vezes que estivemos juntos. A verdade é que fico às voltas do estômago ao ponto de ficar mesmo mal-disposta. Dizem que se chamam borboletas. Bem, lamento pessoas mas as borboletas magoam!
Imagino-me claramente a chegar ao meu destino, ao nosso destino, a olhar à minha volta para ver se te vejo e quando te encontro, dirijo-me a ti e fico suficientemente perto para sentir o teu aroma. Toda a gente tem o seu. Fico apenas a olhar durante um bom bocado para não perder nenhum milésimo de segundo a olhar para o resto do mundo que naquele momento não me interessa. Imagino-te a pegares na minha mão e a olhar para mim como se eu fosse uma pessoa que tivesse sido aperfeiçoada com o tempo. Pergunto-me no que estarás a pensar. Pergunto-me se tens tendência a imaginar e idealizar como eu.